segunda-feira, 25 de abril de 2011

um querer inquietante

ele fingia não ver a alça do vestido caindo pelo ombro dela, enquanto ela implorava para que caísse um pouco além da alça, ele procurava entre os fios de cabelos longos dela um pedaço de pele pra espiar antes da madrugada, ela fechava os olhos desejando que ele a encontrasse nas curvas de seu caminho, quando a beijava ele segurava o rosto dela com mãos de certeza, e sentindo isso ela se desmontava inteira com a pouca certeza que tinha, e desde então era assim, um tal de querer e não saber porquê queria, um tal de querer e ao abrir os olhos duvidar do próprio querer, um tal de não querer ter dentro de si mesma essa tal batida remando contra toda a própria maré...

4 comentários:

  1. Chega um momento em que o querer que antes tinha tantos motivos, torna-se um querer sem porquê. Mas não deixa de ser um querer.

    Beijos da Flor

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  2. São poucos os quereres que o sabemos enquanto motivos de se querer. Mas duvidá-lo, pode ser não mais possuí-lo.

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  3. Talvez,um dia eu fingisse querer,ou um querer, mas jamais fingiria não ver,a alça de um vestido deslizando pelo ombro ...
    Essa,é uma imagem poderosa que só incita o querer.

    Uma Boa semana, beijo no coração.

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  4. Flor, e querer sem porquê é quase como querer sem poder não querer... é inevitável, é seta, é alvo.

    Keila, é nesta fronteira que me encontro, naquela divisa do encontro da razão e da emoção em direções opostas, e eu fico lá insistindo em entortar um pouco o caminho, criar uma curva, um sentido que acalme esse meu querer.

    C. concordo muito com você, e eu, pra ser sincera, não sou dessas que ficam explicando o querer de coisas que são da pele, mas desta vez está me pertubando, ao ponto de invadir minha madrugada. delícia, né? e muita!

    Blakhorshed, é mesmo preciso manter os olhos bem abertos pra cenas que deixam um ombro a revelia do próprio desejo...

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