segunda-feira, 8 de setembro de 2025

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é meu vício de linguagem narcísica. mas no instante que suponho me ver através de você eu também não chego até mim, esse mundo estrangeiro.

~ então, se olho e não te vejo, e se olhando também não miro no espelho, minhas lentes colecionam invenções. ~ 

mas as histórias não são tão livres quanto parecem: são troncos de uma única raiz. quando olho pra você, aterrisso em mim, e do solo que me habita brotam redemoinhos de um idioma inconsciente.

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