quinta-feira, 2 de setembro de 2010

rio sem margem

antes de tocar o sinal a mochila já se prendia ao corpo de Priscila. bastou o avisar das horas soar por um segundo pra menina levantar e sair correndo pra tarde que estava por vir. encontrou com a amiga na porta e de mãos dadas as duas saíram cheias de desejos combinados no dia anterior. não falaram nada no caminho, mas não passavam 60 segundos sem que elas trocassem olhares lotados de travessuras. aceleravam nos passos o tempo que os ponteiros não davam conta de segurar. enquanto seguia correndo, pelo caminho de outras tantas histórias, Priscila começava a viver o instante seguinte, colocando todo o futuro em uma caixinha bem desenhada pela imaginação de menina colorida. quando estavam prestes a colocarem os pés no destino as duas arrancaram qualquer compromisso arremessando as mochilas bem longe de qualquer corpo que as pudesse segurar. ainda com os pés acelerados, de tal maneira a fazer a pele extravazar em forma de suor, elas foram tirando os panos que as cobriam e os deixando pelo curto caminho que ainda faltava pra mergulhar as vontades. despidas de todas as coisas que não fossem as vontades que gritavam naqueles milésimos de segundos elas então pularam no rio, e estando no rio parecia não existir margem, nem fundo, nem superfície. elas se quer precisavam remar, elas não seguiam pra lá ou pra cá... era um mergulho daqueles de infância, quando a vida inteira parece caber em um único desejo...

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