segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

a olho nu

passado o periodo de vidro embaçado por tamanha beleza logo atrás da janela, percebo-me agora limpando as lentes, e justo agora que o foco me é permitido os detalhes bonitos se ampliam cada vez mais, em um zoom desenfreado de pequenas delicadezas.

domingo, 27 de janeiro de 2013

a vida é mesmo tão rara

não há justiça que recomponha uma vida perdida.
- pelas tantas vidas que se interromperam em Santa Maria.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

previsão

ele desenhou um coração todo torto, um pouco assustado, na palma da minha mão. imediatamente eu fechei a mão com força pra guardar todo o amor necessário. amor escrito é amor previsto.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

não foi desta vez

eu e voce não me basta, requer uma terceira pessoa, uma quarta, uma quinta... quando estamos eu e voce nos falta poesia nos dedos, nos cílios, no folego. a gente não se basta. somos silencio, sem entrelinhas. as viagens que faço não tem as mesmas janelas que as suas. as poltronas são individuais. a gente até que se encontra em várias estações, mas não partimos e chegamos no mesmo intervalo. não adianta. nossos caminhos se cruzam, mas não são os mesmos.

sábado, 12 de janeiro de 2013

coração pulsante

porque quando voce me abraça seu coração deixa de bater só no peito e pulsa em torno do meu corpo inteiro.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

eu ainda não existo

a minha completa inexistencia impede o nosso encontro. eu ainda estou do outro lado da margem, e por mais que voce já tenha navegado, nós ainda estamos distantes demais. eu não existo na medida em que só voce existe. voce ainda não me namora, eu ainda não deixei voce entrar. abrir a porta é o primeiro passo pra fechá-la em seguida. e para evitar o desencontro, eu evito qualquer sinal de encontro.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

nítida mudança

os panos que vestem o guarda-roupa são os mesmos, as janelas que dialogam com as ruas são as mesmas, as fotos guardando passados também não mudaram, as pessoas conhecidas pelo nome continuam em sua companhia, a família permanece no sangue, os livros ainda ultrapassam a pele, os sabores ainda são atraentes, as cartas não deixaram de serem escritas, o verde continua feito paisagem urbana. os elementos são os mesmos, mas ela não é a mesma. misturaram os tijolos da construção, abalaram a estrutura, quebraram alguns pilares, surgiram outros suportes, ergueram-se novas varandas, outros ventos se apresentaram. além do palco, mudou completamente a personagem.

70 anos e sonhando...

 sonhos, os seus, não envelhecem. não porque sejam eternos - mas porque são renováveis, e mudam de cor.  sonhando desde sempre, você não foi...