quinta-feira, 27 de setembro de 2018

para Catarina

Catarina, não reparava tanto em bebês, até você nascer. depois de você, observei que os pequenos trazem um infinito interior antes do mundo surgir com uma fórmula não tão mágica. em seus 10 meses, você sorri pra qualquer par de olhos que te atravesse, apesar do meu confesso egoísmo em te querer como melhor amiga. te vendo assim, meu peito enche de esperança, ao notar sua habilidade em estar em tantas es(quinas) de pensamentos, sempre com muito coração. guiada pelos olhos curiosos de quem vê e sente pela primeira vez, você tudo escuta, se faz radar. seus pés fazem força pra voar toda vez que um pássaro contorna o nosso céu. agora que sabe apontar, começo a conhecer seus caminhos, e eu prometo, te deixar ser sua própria guia. você vibra com tudo o que respira, e tem sido o maior dos privilégios te acompanhar em suas descobertas. e são tantas, que você não quer perder tempo dormindo, né? antes de você, a saudade não doía tanto, pode isso? será que temos gavetas pelo corpo guardando amor pelos anos afora? amor que eu nem imaginava existir, e quando te vi, já era

um tempo pra chamar de meu

corre, que lá vem o trem. o ônibus acabou de passar, seu amor também. a água já ferveu. o despertador ainda toca. está na hora do próximo evento. pressa, menina. o prazo do relatório se esgotou. o sinal já vai abrir, e você perdeu os olhos nas folhas se despedindo das árvores. amanhã é dia de prova. por ali, já anoitece. o desejo é pra agora. parece que vai chover. tá na hora de dormir-acordar-passear-comer. corre. não se atrase pra viver. {não. eu não vou correr. por aqui, pausa. há anos que meu relógio parou}

eis a diferença entre um e todos os outros

tem sonho que é de asa, e tem sonho que é de remo. tem gente que é de porto, e tem gente que o mundo é pequeno. tem corpo que encontra abrigo entre paredes, e tem corpo que mora no fundo do mar. tem gente que segue em frente, e tem gente que se deixa guiar. tem desejos de casa própria, e tem desejos de velejar. ✨✨

ele no mundo

descobridor de sete mares, desbravador de oceanos atlânticos, encantador de tartarugas, aspirante à peixe espada, escalador de céus sem nuvens, decifrador de códigos fonte, realizador de sonhos, morador sem endereço, domador de contra baixos, compositor de uma história velejante, mestre em dar nós em fios de cabelo, admirador da lua, semeador de paixões, catador de esperanças, amante de gatos, proprietário dos melhores abraços, engavetador do meu coração, e exterminador do (nosso) futuro.

quando eu te deixei ir, e você ficou

teus olhos, ancorados no barco de amanhã, não me perguntam nada. já os meus pares de retina, filosoficamente, persistem numa interrogação que não ouso formular. tu não terias as respostas. estão todas cuidadosamente guardadas no silêncio do meu corpo, nas tantas possibilidades de céus de um dia após o outro, e no vapor que se respira quente do café que é das manhãs. e assim teu sossego encontrou o meu, num desencontro físico, na calada das inquietações. respirar salva! - por mim e para mim

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

domingo, 9 de setembro de 2018

um bom lugar pra ser perder

escrevo pra me salvar da próxima curva, quando um perde o outro de vista, quando um segue, e o outro fica. (é importante, apesar do estado de nuvens, eu deixar os pés no chão sobre nossa despedida. eu olho pra você e sinto que ao mundo pertences, e que, talvez, um cep não caiba teu corpo de mar). escrevo pra te guardar na minha gaveta, e poder re(ler) você sempre que a maresia acontecer. escrevo pra prolongar essas horas que duram dias, pra ver se acerto o relógio de amanhã. é que desde ontem vendo você trajado de sua pele rosê fiquei com o coração exposto pro mundo, e agora, pra mim. o ritmo seu, que é também ritmo meu. um encontro temporal, o nosso. com tempo de olhar tanto seus olhos até descobrir todas as cores de suas retinas, de abraçar todos os seus endereços, de acordar e respirar seu cheiro. dos seus esquecimentos, espero o dia que esquecerás você por aqui, nesse nosso universo paralelo. que te percas por aqui, em mim, sem nunca mais encontrar o caminho de volta. acho que é seguro se perder assim. também preciso negritar que quando criança, era comum brincarmos de sonhos e de futuro. depois disso, não mais ouvi falar de quem tivesse sonhos do tamanho da infância, com exceção de você, que quer o oceano, o infinito, uma vida a beira-mar. que tipo de homem pode haver por trás de um sonho velejante? (...)

70 anos e sonhando...

 sonhos, os seus, não envelhecem. não porque sejam eternos - mas porque são renováveis, e mudam de cor.  sonhando desde sempre, você não foi...