sexta-feira, 17 de maio de 2019

{quem é ele? quem é ele? eu vejo tudo embaçado}

estou te procurando, mas não sei bem onde te achar: se num banho de chuva, num sonho de barco, ou nas teclas dum piano, nos planos da próxima viagem. será que já te encontrei? fico meses duvidando que te deixei ir, por quatro vezes, com quatro nomes. me faltam forças para remar? rapidamente eu respondo: não vou lutar contra moinhos de vento. então, segui adiante, e logo depois, veio ele, depois, outro, em seguida, você. será que é você? eu ainda estou te procurando, mas acho que não quero te achar. quatro amores, dois encaracolados, outros dois em ondas de mar. quatro que se eu pudesse somaria em um. estou procurando alguma coisa, mas acho que não é alguém: é uma sensação, uma mão pra segurar a minha em alto-mar e pra regar as rachaduras do meu sertão, algum par de olhos que dialogue poeticamente, um corpo que vibre no meu em toque e em pensamento. acho que é isso. e acho que é alguém. será que existe? se isso for parte do mundo real, pode vir, mas tem que vir junto com um mapa, uma espécie de radar próprio, sem aquela confusão beirando o precipício toda vez que for falar de amor. venha, por favor, mas com bússola no bolso.

pés na areia e prancha na onda

eu preciso da natureza como uma vírgula, de você, como reticências. hoje me deu vontade de chorar, mas nada em mim sofria. deixei a lágrima remar seu barco sem margem aparente. cruzei com você, que não estava no barco ao lado, mas na lembrança fronteiriça da saudade - esse instante que se vai, mas que fica costurado na gente. seu sotaque de mar, seus fios feitos de ondas, seu texto sem ensaio, sua vontade declarada sem xadrez. agora já somam sete dias de Lucy Rose, da sua trilha contornando a minha rotina, como se fosse presença sua nas notas musicais. sua viagem ao mundo poderia construir portos em mim, e vice-versa, para tuas viagens de distâncias, e para as minhas de ideias. parece que consigo te amar beirando o mar, te fazendo verão debaixo desse nosso cobertor. se o amanhã for nosso, prometo te fazer carinho sempre que pensar em partir. você, pode ficar, nada urge mais que nosso encontro. e ai dos ponteiros se moverem!

70 anos e sonhando...

 sonhos, os seus, não envelhecem. não porque sejam eternos - mas porque são renováveis, e mudam de cor.  sonhando desde sempre, você não foi...