terça-feira, 28 de abril de 2009

ela viveu o meu futuro antes de mim só pra ter a delicadeza de me contar as notícias boas dos próximos dias que virão. linda demais, né?

sábado, 25 de abril de 2009

giros de uma barra de saia

a barra da saia se confundia com o mar cuspindo e engolindo a areia. ia e vinha desenhando picos e vales. as pernas davam tapas no vento, em uma tentativa de capturar o ritmo da música que preenchia aquela manhã de domingo. tomava ali o primeiro banho do dia, com o suor lavando o corpo. transpirava mais sal do que o oceano permitia. a roupa simulava a segunda pele, grudando no peito. não se cansava. não parava. e olha que respirava...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

invisivelmente visível

apaga o texto e deixa só a observação no fim da página. guarda o presente e entrega apenas a fita abraçando um cartão. come o arroz e o feijão e oferece a sobremesa, bem doce. estaciona o carro e chama para um passeio com pés e vento rodeando o corpo. tranca a casa e dorme em um colchão mais colorido que o seu, naquela grama que ultrapassa o verde de qualquer tonalidade. desliga o som e liga as cordas de um violão. apaga a luz para as estrelas brincarem de serem Lua. vai desconectando... vai tocando com as curvas da alma o universo que aos poucos vai se tornando menor que a própria palma das mãos...
os elogios ela aceitava por pura vaidade. todas aquelas qualidades ela decorava até que pudesse acreditar nelas como partes reais da própria fantasia. era como apontar a moldura que mais lhe agradava. quase como sair para uma tarde de compras e escolher nos cabides a roupa que se encaixava melhor.

pirulitos da minha infância

esse mundo sem esquinas tem dessas coisas. de refletir aquele mesmo sentimento que me agitava dentro do frasco nos dias das folhas já rasgadas do calendário. recordações de imagens fotográficas. altamente intrigantes, vivas, ofegantes. de pessoas que cresceram, mas que eu não pude acompanhar os pés pisando a terra. depois de anos um reencontro calado. virtual. sem aquela emoção que nos agarrava nas tardes depois da escola. me parece que certas sensações morrem no instante em que acontecem. nenhuma das meninas me convidaram pra descer para o pátio e ocupar com bonecas da infância as nossas tardes, que na maioria das vezes se pintavam de noite. respiramos muitas fantasias juntas. naquela época os vizinhos ainda ultrapassavam a geografia. a gente se conhecia. sabia nome de pai, mãe, até tios e tias. mas hoje elas cresceram e junto com elas o mundo. o fato de estarmos perto já não nos aproxima. ficou tudo lá atrás. daqui eu fico a me espantar com os sorrisos tão grandes que cada uma mostra nas fotos. o futuro que cada uma compôs, bem do jeito que eu poderia esperar. seguiram fielmente os traços de menina que um dia eu vi desenhar. elas continuam a marcar com força o universo que as pertence. sei apenas que nostalgia é algo bem gostoso de se sentir, pra fazer reviver aqueles nossos esconderijos de criança.

terça-feira, 14 de abril de 2009

as jogadas de um homem

é muito sexy um homem jogando futebol. o domínio daquele objeto com os pés, o suor pingando no corpo, o vento que sinto sair dele quando ele passa correndo. a bola girando no chão entre tantos homens e um deles a domá-la com um desejo de encaixá-la bem ali, entre as grades do gol. e quando ela começa a passear nas curvas masculinas, quicando sob as pernas, dando saltos com a cabeça, encontrando descanso no peito. um show de sensualidade.

sábado, 11 de abril de 2009

a terra faz mesmo secar qualquer sonho que brote sem raíz

em crise

você é chata. insegura. tem um romantismo que faz engasgar. cansa. é natural que eles se afastem. você começa a sonhar em exagero. ultrapassa o limite estipulado por quem nasceu sem asas. pensa que ser borboleta é uma fase única. esquece do crescimento. dos passos. do tempo. vai respirar. vá correr por esses campos isolados. sozinha. no escuro. sem música. desfaça essa dependência. já não há cordões... só a abstração que você insiste em dizer que é profunda. fica aí cavando buracos sem fim e não vira o pescoço pra ver que na superfície crescem raízes. ignorante com diploma na pasta. nada sabe. e pensa que pode ensinar. entra em crise pela simples falta da própria voz. depois tem coragem de dizer que entende de coisas simples. falsa! lá fora mostra beleza e quando entra no quarto tem vergonha de se olhar no espelho. quebra. desconstrói. transforma. busca tanto que se perde quando há curvas. quer agarrar qualquer coisa que se encaixe nos próprios desejos. não sabe viver só. e principalmente não quer aprender. sai do quarto a noite pra ouvir o som de pessoas falando de qualquer assunto. incógnita. os outros criam tantas molduras que ela acaba por se enganar. tola!
acontece com frequência de eu reler um texto meu e não encontrar a nascente

as tais alianças

o branco daquele vestido no altar me fez sentir inveja. os olhos de eternidade envolvidos na cumplicidade do casamento. era fácil congelar o amor entre os dois. a flor pendurada nos longos fios de cabelo que ela sempre esperou crescer. lembro quando ela passeava os dedos entre os meus fios a espera dos dela. quando eu cheguei com cabelos curtos foram os olhos dela que tiveram o maior espanto. tudo fica claro. só de ver as mãos encostando na pele um do outro já se escancara a plenitude. é ela. é ele. são um só. uma vontade assim. tradicional. de ser de alguém. de se empurrar do ponto mais alto pra cair nos braços dele e esquecer do resto. vale também viver pra isso. só pra pensar em como surpreendê-lo no dia seguinte com rimas preenchendo as paredes. não há sonho mais digno. e ultimamente tem algo como isso me devorando...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

por uma noite apenas

aquele único vestido preto basta. já é suficiente para a sensualidade e para o vento que aparece pra fazer girar a saia. roupas de festas me deixam exausta. muito laço, cabelo penteado, pele colorida, pontas de pés. eu prefiro a calça jeans e a blusa branca misturadas no corpo limpo pela água vinda do balde. um dia ainda direi isso pra ela. porque ela fica muito mais bonita sem aquele vestido brilhante e aquele cabelo grudado em grampos. por uma noite se escorreu a forma que ela tinha naqueles saltos mais altos que os pés. ficaram as fotos de sorrisos iguais em uma noite de gala. até ela ficou igual, mesmo eu sabendo de toda a diferença.

notas de um certo violão

pra ele eu queria dar bem mais que aquelas palavras cantadas com cordas de violão. imagina. ele disse que aprendeu a tocar a música por minha causa. eu achei muito delicado, muito mais do que os bordados que minha avó costurava na barra das minhas saias de criança. abri os dedos e me escondi entre as frestas que me escapavam. sorria mais do que a pele permitia. vi surgir bem ali, atrás do banco da nossa praça, uma voz de verdade. ele falava comigo. bem pertinho. dava pra sentir a respiração fazendo carinho nos caminhos ao redor do meu ouvido. quando acabou a música me faltou qualquer coisa pra imitar um beijo. silêncio. ele subindo a janela pelas tranças que esqueci fora da janela. príncipe de computador na mochila. eu me apaixonei. pra além das fronteiras deste continente africano. agora explodo. agora a água segue agitada com o calor que a ferve. agora... e sempre...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

em um minuto

abraça o computador como se houvesse pele pra tocar. com dificuldade digita expressões que gritam no rosto. sorri. encabulado. envergonhado. encosta o corpo na cadeira. aproxima a mão do teclado. as letras de lá não chegam. olha o relógio. mexe no celular. estica os braços. brinca com a setinha no espaço em branco. impaciente. ansioso. falta a ação e a reação simultânea. cruza os braços. ajeita o corpo. tudo isto em um minuto. na falta dos olhos ele fica aqui a criar sensações nesse mundo que faz aproximar as distâncias...

sábado, 4 de abril de 2009

pra onde eu quero ir...


achei que era impossível. mas vejo aqui alguém mais exagerado do que eu. sendo assim acaba por me esconder. porque ele já ama demais. ama por mim e por ele. e pela primeira vez eu me vejo recebendo... e colocando tudo em caixinhas de memória.
se pertencer a você mesmo
pertencerá ao mundo inteiro...

70 anos e sonhando...

 sonhos, os seus, não envelhecem. não porque sejam eternos - mas porque são renováveis, e mudam de cor.  sonhando desde sempre, você não foi...