terça-feira, 27 de janeiro de 2015

o menino que não sabe falar de amor

há um menino que não sabe olhar nos olhos, e esse mesmo menino muito faz para não abandonar as grades. os doces de cada dia ele guarda pra trocar pela paz, em formato de droga. mas a paz não chega, e ele continua a busca, e atrás das grades. esse menino não sabe falar de amor, essa coisa tão rara. mas ele só não sabe falar, mas sabe sentir. e toda vez que esse menino pensa em amor, logo ele trás um pedacinho do colo de mãe. ele bem sabe o preço de cada coisa nesse mundo, e não teve dúvida ao dizer que a coisa mais cara era a pamonha que a mãe dele fazia. aliás, pra essa pamonha não existem doces suficientes.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

talvez

talvez eu me despeça, e a simples possibilidade do não faz-me despedir de todas as coisas, todos os dias, talvez ela fosse embora num susto, nos segundos antes da bala alcançar a matéria que já abandonou a alma, talvez esses meninos se despeçam, talvez eles permaneçam no susto, nessa forma nada poética de depositar no tiro a palavra engasgada, talvez a rima os atravesse, e uma letra puxe a outra, até fazer sentido, até encontrar a voz, talvez os remos sejam suficientes, talvez eles consigam nadar até o porto não tão seguro, talvez a respiração aguente, talvez falte isso: respir(ar), até que o ar não nos falte. amém!

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...