mas pra isso é preciso desejar sincero e profundo, ao ponto da rua ser toda sem saída, sendo o ponto de chegada o mesmo ponto de partida. caminho sem volta, retrovisores em extinção. é preciso um desejo que vire ocupação urbana de todo o território cutâneo. bebe-se água para realizar. respira-se porque e somente porque se quer realizar. um corpo inteiro centrado no próprio umbigo. não se pergunta se conseguirá, questiona-se os passos para se chegar lá. como se outro lado da margem fosse a única salvação para o naufrágio. desistir seria uma eutanásia.
~ tem desejos que sempre foram nossos, só esperavam o tempo de seu nascimento. ~
escrevo isso em numa tentativa de provar do meu próprio gosto, de me colocar em uma xícara de café e me degustar pausadamente. transformando-me em rede, sinto o meu próprio balanço. há Alguém que me empurra. sempre houve... escrevo pra recuperar a memória do desejo encontrando o outro lado da margem. escrevo para me eternizar, para poder me ler, e virar testemunha de mim.
desde então, tenho muito e muitos para agradecer...