sábado, 17 de março de 2018

os outros não são como você, eles não são você, e isso ainda dói profundamente em mim...

quarta-feira, 14 de março de 2018

anne com e: uma série pra chamar de minha

naquele instante entre o claro e o escuro, quando o sol encontra brechas entre as nuvens, colore as superfícies, e ás aguas se fazem cintilantes. nesse intervalo a menina ruiva seguia com sombras desenhadas em suas sardas por debaixo do chapéu. ela tinha o poder do encantamento, de tornar suas as paisagens, e não deixar nenhum canto de oceano se desfazer sem antes congela-lo em sua mente. ela dizia que nenhuma imaginação poderia alcançar a maravilha de ter a sua frente a beleza da natureza. gostava de certas palavras, de pronunciar fio a fio, letra por letra, achava bonita a palavra gloriosa, tão pouco dita e com tanto a dizer. essa menina desejava tão profundamente que suas vontades escapavam-lhe do corpo e rapidamente chegavam em outros. seus olhos diziam verdades, e da verdade, quem escaparia? ela apreciava as flores, e queria plantar jardins a cada passo seu. do único vestido que tivera, ficara incontrolavelmente feliz com a possibilidade de uma nova costura lhe abraçar a pele, e quem sabe com babados e rendas. tinha essa sina de ser poesia a cada sílaba. quando magoada disparava a correr, ia deixando a raiva nas gotas de suor, até chegar a beira do abismo, obrigando-a a respirar. retornava a passos lentos, com a sabedoria de quem deixa pra trás sentimentos que inspiram corridas ofegantes, mas sem recuar de suas verdades. por ora, ainda tropeçava nas palavras engasgadas, e perdia o ar nas respostas vindas diretamente da emoção. aos poucos aprendia a deixar os ouvidos reservados para aquilo que lhe fazia sentido, e incluía um rastro de ponderação em suas narrativas. o tom ruivo lhe margeava em tranças paralelas, cujos fios brilhavam mais sempre que as tranças se desfaziam. suas curvas eram próximas aos ossos, e seu corpo se apresentava forte para qual fosse a tempestade. antes de chegar, entregava o peito, destemida, segura de sua rima interior.

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...