quarta-feira, 14 de março de 2018
anne com e: uma série pra chamar de minha
naquele instante entre o claro e o escuro, quando o sol encontra brechas entre as nuvens, colore as superfícies, e ás aguas se fazem cintilantes. nesse intervalo a menina ruiva seguia com sombras desenhadas em suas sardas por debaixo do chapéu. ela tinha o poder do encantamento, de tornar suas as paisagens, e não deixar nenhum canto de oceano se desfazer sem antes congela-lo em sua mente. ela dizia que nenhuma imaginação poderia alcançar a maravilha de ter a sua frente a beleza da natureza. gostava de certas palavras, de pronunciar fio a fio, letra por letra, achava bonita a palavra gloriosa, tão pouco dita e com tanto a dizer. essa menina desejava tão profundamente que suas vontades escapavam-lhe do corpo e rapidamente chegavam em outros. seus olhos diziam verdades, e da verdade, quem escaparia? ela apreciava as flores, e queria plantar jardins a cada passo seu. do único vestido que tivera, ficara incontrolavelmente feliz com a possibilidade de uma nova costura lhe abraçar a pele, e quem sabe com babados e rendas. tinha essa sina de ser poesia a cada sílaba. quando magoada disparava a correr, ia deixando a raiva nas gotas de suor, até chegar a beira do abismo, obrigando-a a respirar. retornava a passos lentos, com a sabedoria de quem deixa pra trás sentimentos que inspiram corridas ofegantes, mas sem recuar de suas verdades. por ora, ainda tropeçava nas palavras engasgadas, e perdia o ar nas respostas vindas diretamente da emoção. aos poucos aprendia a deixar os ouvidos reservados para aquilo que lhe fazia sentido, e incluía um rastro de ponderação em suas narrativas. o tom ruivo lhe margeava em tranças paralelas, cujos fios brilhavam mais sempre que as tranças se desfaziam. suas curvas eram próximas aos ossos, e seu corpo se apresentava forte para qual fosse a tempestade. antes de chegar, entregava o peito, destemida, segura de sua rima interior.
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