sábado, 8 de março de 2025

desejo, logo realizo.

mas pra isso é preciso desejar sincero e profundo, ao ponto da rua ser toda sem saída, sendo o ponto de chegada o mesmo ponto de partida. caminho sem volta, retrovisores em extinção. é preciso um desejo que vire ocupação urbana de todo o território cutâneo. bebe-se água para realizar. respira-se porque e somente porque se quer realizar. um corpo inteiro centrado no próprio umbigo. não se pergunta se conseguirá, questiona-se os passos para se chegar lá. como se outro lado da margem fosse a única salvação para o naufrágio. desistir seria uma eutanásia. 

~ tem desejos que sempre foram nossos, só esperavam o tempo de seu nascimento. ~ 

escrevo isso em numa tentativa de provar do meu próprio gosto, de me colocar em uma xícara de café e me degustar pausadamente. transformando-me em rede, sinto o meu próprio balanço. há Alguém que me empurra. sempre houve... escrevo pra recuperar a memória do desejo encontrando o outro lado da margem. escrevo para me eternizar, para poder me ler, e virar testemunha de mim. 

desde então, tenho muito e muitos para agradecer...

sábado, 4 de janeiro de 2025

o silêncio é o meu ato de fé

~ primeiro sábado de 2025. 

há dois anos escrevo menos, falo menos, e também penso menos. mas nem tudo diminuiu: desde então eu sinto muito, e muito mais. o vento virou cachecol, a chuva, melodia. o futuro e o passado se entregaram ao presente, e os dias ficaram preenchidos do agora. as águas se fizeram mantra, e a natureza tornou-se minha prece. a literatura criou diálogos, e os livros converteram-se em ecos. 

o silêncio chegou sem esforço, corporificando o cotidiano. 

há um infinito em cada passo, e o que vejo é tão somente uma fração. aprendi a confiar no invisível, a ter fé na vida, e principalmente, a sentir Deus em mim. sinto tanto que meus olhos lacrimejam quando escrevo Teu nome. dizem que a fé faz morada em nós, e que vez ou outra, quando afirmamos perdê-la, ocorre é que o mundo concreto nos absorve, escapando-nos o divino. dito assim parece até que a espiritualidade vagaria por nuvens fantasiosas. mas não. acontece é que o que capturamos é por demais reduzido perto da dimensão existencial. há algo para além, algo depois da curva, algo após a queda. 

há sempre algo mais!




desejo, logo realizo.

mas pra isso é preciso desejar sincero e profundo, ao ponto da rua ser toda sem saída, sendo o ponto de chegada o mesmo ponto de partida. ca...