quinta-feira, 9 de novembro de 2017
a menina que poderia ser um menino
a menina listrada que de vez em sempre sentia sua pequenez encolhia-se miúda entre troncos arranha-céus e guardava entre os dedos a brisa que inaugurava as manhãs. vestia-se de linhas que faziam curvas nos pés e lhes levavam para cantos de mundo ainda sem caixa postal. descansava exatamente ali, onde o mapa não existia. brincava de inventar endereços, e viajava pelo mapa-múndi sem precisar sair da varanda de frente pro céu de todas as estrelas. tricotava balões de pensamentos que revelavam cenas do lado de lá, daquela quina onde acumulava seu coração. permitia-se escorrer sem o menor esforço de reter a correnteza e logo notava-se a enchente povoando os instantes de concentração. dispersava o raciocínio diluindo-o em litros de memórias de histórias que não paravam de acontecer em um ontem insistente em repetir-se sempre por mais uma vez, e mais uma vez, e mais uma vez, e reticências.
ilustração: Patrícia Metola
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