sábado, 2 de fevereiro de 2019

um respiro, em forma de lamento

resist(ir): enfrentamento, tolerância ou recusa? adianto: naufragar não é uma opção. remar contra a maré pode figurar certa imobilidade, mas viver pede direção, e nem sempre os rumos são favoráveis. a apatia adoece. convi(ver) com o caos inertemente não alivia o mal-estar, apenas cria redomas fantasiosas. desligar a televisão ajuda a enxergar a realidade a olho nu. depois que se cruza a fronteira da ignorância o desgaste é inevitável. eu não acredito na guerra, porém a paz não é um caminho natural. muitos dirão que seu roteiro de luta é um desvio, e usarão do poder pra remover sua força. inibirão suas armas (não letais), mas acontece que o redemoinho interior novamente te deslocará para o campo de batalha. não sei como nomear a divisão que se travou, pois vejo aspirações comuns em uma roupagem de rivalidade. por outro lado, o antagonismo é inegável, ainda que eu acredite estarmos no mesmo planeta, e possuirmos essencialmente as mesmas necessidades. por vezes desconfio que eu esteja no lugar errado, e que seja um engano minha existência. então, recupero o fôlego. quanto maior a profundidade do abismo, maior a extensão do vôo. e isso não é uma simples metáfora. é experiência de vida acumulada nos meus trinta e poucos anos. é verdade que depois de alguns duelos algumas dores se corporificam, dificultam a passagem do ar, e perturbam justamente o sono, quando se poderia descansar os olhos. o corpo vai colecionando marcas, produzindo sentidos, e se defendendo como pode. intervalos são urgentes e acolhedores. a gente precisa se abraçar de tempos em tempos. quisera eu me salvar do desconforto em mergulhos permanentes nas águas socorristas dos meus pulmões. mas não. esconderijos ou fugas escancaram mais morte do que vida. e viver dói. não há curva nessa conclusão. é devastador perceber tamanha oposição declarada. há cegueira em ambos os lados? quais trajetórias conduzem à esquerda ou à direita? por agora, sofro de ansiedade por temer um futuro que não poderei evitar. contudo, sigo com minha lucidez, edificada em meu percurso, na certeza de que toda escuridão guarda em si uma brecha de luz. olharei muito pra trás, reverenciando conquistas, todavia não abandonarei os remos, apesar das tempestades. por sorte, não estarei só!

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