quinta-feira, 21 de julho de 2011

sabedoria de um coração

arrancou o coração do peito e o colocou sob a tábua, sangrava tanto que era urgente estancar o vermelho que gritava por um novo olhar, controlou o fluxo, mas era impossível dominar as pulsações, começou então a costurar as partes que ficavam abertas, demorou tanto que precisou de vários rolos de linha até esgotar as possibilidades, nas batidas seguintes o coração sentiu dificuldade para bater, estava espremido, contido, remendado, mas aos poucos o coração foi aprendendo a falar devagar, mais silenciosamente, até encontrar formas de abrir espaços para novas histórias, e foi assim, sem perceber, que o coração acordou sem cicatriz e sem qualquer vestígio de costura, coração não guarda os machucados, coração sabe porque bater...

2 comentários:

  1. Só fiquei a pensar se o coração continua sob a tábua, pois longe das células humanas não sobrevive.
    E você acertou, o curso do desejo é ciências sociais, mas seria com ênfase em antropologia.

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  2. ah Keila, coração continua batendo dentro do peito, e agora, um pouco mais acelerado...

    C., cicatrizes fazem parte, a questão não é negá-las, mas transformá-las em caminho...

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