quinta-feira, 25 de julho de 2013

meninas do Centro de Passagem Vila Eunice

rasgavam os colchões como quem pretendia rasgar as páginas da vida. pichavam as paredes do quarto como quem se descobria sem teto. quebravam armários como quem já não conseguia manter em gavetas as lembranças. burlavam as normas como quem queria chamar a atenção pelo desvio. essas tantas meninas não rasgam colchões, não picham paredes, não quebram armários, não burlam normas, elas contestam a própria história diante de nós. os abrigos as revelam o abandono, o passado indesejado. o desafio está aí: no limite.

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