segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

quase

de costas para a montanha, seu corpo prolongava as curvas dos morros. lembro de percorrer com os olhos os seus fios enrolados à paisagem. eu esfumaçava suas margens, confundindo-lhe com o mundo. você era meu mundo. 

incansavelmente você me perguntava: "o quê?". como se o meu olhar lhe provocasse dúvidas. explicava que lhe contemplava como se fosse o mar, depois de perder os remos de vista, ou - depois de não mais precisar remar? 

sua camisa desabotoada e os pés deliciando a grama denunciavam sua entrega. "eu quase disse eu te amo", você me contou. 

quase. 

e ficamos por ali. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

desejo, logo realizo.

mas pra isso é preciso desejar sincero e profundo, ao ponto da rua ser toda sem saída, sendo o ponto de chegada o mesmo ponto de partida. ca...