segunda-feira, 24 de março de 2008

amizade por um fio

fiquei alguns dias sem internet em casa. foi como se eu tivesse sumido. minhas amigas perguntavam por mim questionando o motivo do desaparecimento. estranho que eu estava do mesmo jeito que antes, porém sem internet.

o espaço virtual está ocupando o espaço físico: abraços são imagens, risadas são palavras, sentimentos viram depoimentos, momentos reais se tranformam em fotos. a casa das minhas amigas eu não frequento mais. nossos encontros são em locais públicos. somos íntimas, mas não dividimos nossos lares. não conheço a família delas. não sei como acordam. nunca as vi escovando os dentes. desconheço os seus defeitos. bom que vivo a admirá-las...

as novidades são contadas em letras grandes e coloridas pelo msn: nosso principal meio de comunicação. tenho vergonha de assumir isso. sinto saudades daqueles encontros sem hora marcada. deitada no meio de almofadas macias eu falava da minha vida e as minhas amigas falavam da delas. eu era convidada para o aniversário dos pais delas. eles sabiam meu nome. eu sabia tudo o que acontecia durante a semana. a gente comprava um pão quente na padaria e lanchava junto. não precisava ter um bom filme no cinema, ou uma banda que gostássemos num show. nos encontravámos porque sentíamos vontade, entende?

era diferente. é diferente fazer parte da vida por meio de palavras digitadas e por meio de olhares. essa é a tal distância que não nos deixa aproximar.

5 comentários:

  1. Débs, é o Antonio...simplesmente expressou a realidade com sentimentos implícitos de saudades de uma amizade mais próxima, sem o virtual. Adorei...lindo mesmo

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  2. Antônio,
    saudades são gostosas quando nos fazem reviver bons momentos através de lembranças. a memória é a ponte viva da eternidade.
    Abraços, Débora

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  3. Bova,
    é a pura verdade isso! Como é viciante esse tal de msn...Só fui ter uma no passado e me sinto completamente dependente! Eta tempos modernos!!

    Adorei o texto. Bjoca da Zuza

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  4. Olá July!
    Sim... são tempos modernos. mas sinceramente eu espero que os olhares continuem a existir... assim como os livros de papel.
    Abraços

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