domingo, 4 de dezembro de 2016
moça encaracolada
essa moça encaracolada transmite a paz do chá que se degusta pausadamente em xícaras gentilmente desenhadas a mão. as curvas dos fios se revelam comprometidas com a beleza da composição de uma silhueta desforme e sendo por isso imensidão. as palavras ditas pela moça encontram no meio das frases intervalos suficientes para dar tempo de suspirar. é a fala alcançando o ritmo da inspiração. é verdade que ela traz luta na bagagem e não recua diante dos obstáculos que os dias lhe presenteiam. é aí que ela guarda sua força, nessa capacidade de não desistir dos amanhãs. na rotina ela se compõe tradicionalmente de calças jeans, combinando-as com algumas estampas do seu humor. senti agradecida desde que essa moça chegou em terra nossa, afinal é sempre motivo de alívio descobrir âncoras em meio às tempestades.
domingo, 16 de outubro de 2016
degradê
eu não acredito muito em finais, em términos, em finais de ponte, em escuridão. parece-me mais um tempo de passagem, uma transição, um degradê. isso é história. um passado que continua em um presente de um futuro que não para de acontecer. e por isso nada acaba, tudo continua, as ondas nunca interrompem o seu ir e vir, e já não é possível saber onde começam e onde terminam. e por mais que a maré recue, serão suas as areias da superfície. a gente se compõe, apesar das fronteiras. aliás, eu diria que fronteiras são invenções. a gente se compõe universalmente, e particularmente. eu, você e todos nós, simultaneamente.
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
terça-feira, 16 de agosto de 2016
pra existir em vida, deve antes existir no coração
filho ou filha, antes de você existir em vida, você já existe em meu coração. acho até que a ordem das coisas é essa mesmo: primeiro o amor, depois todo o resto. confesso que por muito tempo evitei receber você. é que o mundo tem páginas ruins e eu queria poupá-lo disso. acontece que o mundo tem também outros mil capítulos maravilhosos, e são eles que justificam a minha decisão pela sua chegada. nesse mundo bom tem um vovô pra lhe mostrar cada detalhe verde guardado na natureza e cada pedacinho de céu cor de infinito, tem a vovó pra lhe dar muito aconchego e muitas gostosuras em encontros cercados de família, tem a madrinha com disposição pra fazer de cada dia o mais bonito de todos, tem o papai pra lhe ensinar desde pequeno a delícia de um caminho preenchido pela persistência, e tem eu, a mamãe, pra lhe oferecer meses, anos, décadas de poesias, pra você sempre acreditar no amanhã. tem outras tantas maravilhas, as quais não faltarão oportunidades para conhece-las, pois entre as preciosidades que quero lhe dar, uma delas é tempo para sentir cada estação sua. então, filho, continuarei a sua espera, até que meu jardim deixe desabrochar a mais linda flor.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
domingo, 17 de julho de 2016
paralelismos
nela estão meus anseios, os quais materializam-se em sua história, e não na minha. vingo-me do alcance diário dos meus desejos no pulso de outrem. racionalmente não quero estar lá, mas os bloqueios não são indicativos de passagem, pelo contrário, eles travam o caminhar. hei de destruí-la em mim, porque não residem nela os nervos, mas em minhas projeções inacabadas. enfrentar-me, neste momento, diz respeito a encontrá-la, não em seu mundo, mas em meu universo sempre tão paralelo.
sábado, 26 de março de 2016
das arte de biografar
da arte de biografar sempre me escapa o sujeito. nas letras ficam minhas lentes viciadas em entender um pouco mais de gente. todo aquele dinamismo do indivíduo se congela por bem mais que uma vida em folhas sedentas por imortalizar novas histórias. ali materializo um recorte, separo um ponto de vista e coloco um ponto final. mas é aí que tá. o movimento não interrompe, tampouco a respiração e muito menos a história.
por sorte, as folhas não tem grades. mas todo cuidado é pouco, pois grades são coisas do homem, e o homem não é tão imprevisível assim.
terça-feira, 8 de março de 2016
vida sem berço
o mundo tem um quê de incerteza, de não prever que tanto de você caberá em seu próprio berço. e àquele que nasce, não se pergunta do desejo em se concretizar enquanto vida. inevitavelmente, o corpo cresce, e o berço, outrora inexistente, não é substituído por outro espaço, nem concreto, nem afetivo. e aí, sem lugar, o mundo todo é endereço. resta saber qual será o cep determinante.
- relato inspirado em um adolescente desligado da Unidade, mas não das minhas orações. amém.
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