saí do trabalho e fechei meus olhos. subi no meio fio e fui tentando andar sem cair. abri meus braços e senti a brisa mexendo nos meus cabelos. ela acariciava os fios com muita delicadeza. foi gostoso sentir isso. meu rosto estava quente e por isso as bochechas ficaram vermelhas. Concentrei-me nos passos. um pé a frente do outro. as vezes imaginava a queda e pensava que seria apenas um tropeço. a escuridão me fez sentir segura num mundo que só eu podia ver. como era tudo preto eu não conseguia ver as direções pra onde ir. andava devagar percebendo as ondulações do cimento.
senti o chão e percebi que acabara o meio fio. abri meus olhos e atravessei a rua que estava logo a frente. um carro parou bem em cima da faixa de pedestres. provavelmente ele acelerou quando viu o sinal amarelo. eu não pude ver, pois estava com os olhos fechados.
quando estou na rua não vejo acontecimentos, eu vejo pessoas. vejo expressões. sei a cor do sorriso de cada um. já dizia um professor meu que as pessoas passam o dia na rua sem saber a cor do céu, porque vivem a olhar pro chão.
hoje meu sorriso estava cor de chuva, querendo regar algumas flores.
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