sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

casa de um cômodo só

Gabriela tinha muitos segredos, um em cada lugar disfarçado de esconderijo. por debaixo das meias, dentro dos sapatos, atrás dos cabelos, nos olhos, no encontrar dos lábios, na história. Gabriela morava dentro dela e não gostava da idéia de ter se quer um cômodo fora da própria morada. introspectiva ela não dava espaço para que os outros pudessem ser o que são, todos os outros eram aquilo que Gabriela enxergava. cada pessoa ela transformava em personagem da história cujas páginas só ela escrevia. assim não havia contradição, não havia dúvida se era por aqui ou por ali a direção. ditadora do próprio mundo, autoritária no pensamento, Gabriela tinha certeza de que conhecia inclusive o final daqueles dias.

2 comentários:

  1. te levo para os meus favoritos... vc me inspira profundamente! lindos textos, um olhar sensivel e profundo sobre as pequenas e grandes coisas da vida... levo-te! abraço!

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  2. sabe Emerson, faz-me tão feliz os encontros textuais. é que de um mesmo rio podem ser feitas tantas leituras, que fico eu do lado de cá imaginando as tantas leituras que fazem desta minha pequena nascente. trago-te! outro abraço!

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 sonhos, os seus, não envelhecem. não porque sejam eternos - mas porque são renováveis, e mudam de cor.  sonhando desde sempre, você não foi...