quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

teus dedos de eucalipto, tuas mãos maiores que o mundo

teus dedos. compridos e finos como teu corpo. como eucaliptos: que por entre seus prolongamentos escondem desejos sexuais. entre uma altura e outra, lá cabem seus dedos e nossos gemidos. esguios que só eles, formam fileiras excitantes de gritos beirando o céu. atraem-me com vendas nos olhos, naquele fio de confiança que me entrega ao escuro. você é meu clarão. abro os olhos sentindo suas pontas cavando terras inexploradas de meus continentes. você mapeia meus delírios, codifica a entonação de meus pulmões, viajando em meu terreno vaginal. descobridor de mim, inventa passagens aéreas sem volta. estes dedos, ritmados pelo vapor do café, seguram as alças da xícara que se torna miniatura ante tua imensidão. percorrem meus lábios, penetram minha boca, absorvem meu sabor. degustam-me. 

tuas mãos, tão maiores que o mundo. nelas cabem meus seios, minha loucura. embolam meus cabelos no caracol do seu movimento. atam nós, desatam tabus. tatuam minha pele com seus contornos. estas mãos quando encontram minha cintura, naquele declive onde amontoam vontades, curvam minha direção. sigo torta, pro seu mundo torto, entortando a regra até que ela sirva em nós. nossos labirintos acumulam saídas. falamos a mesma língua, beijamos também. tua palavra me beija. teu timbre morde meu lábio. 

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