terça-feira, 27 de abril de 2010
sapatos apertados
os pés, acostumados a ocuparem o espaço que lhes cabia, agora eram abraçados por um par de sapatos. era no mínimo gostosa aquela sensação de ser tocado em todos os cantos. algo como proteção. os pés, apesar de livres, cabiam em de um par de sapatos. era confortante se reconhecer dentro de um território fechado, onde só havia espaço para aqueles pés. era o número exato. era bom caminhar com os pés apertados, dava mais confiança aos passos. podia-se ver outros pedaços do mundo, sem ter que se preocupar com a fragilidade dos pés. eles já não estavam abandonados. envolvidos por esse sentimento os pés começaram então a acelerar o ritmo. eles podiam acelerar. já não estavam sozinhos. se tropeçassem lá estariam os sapatos. e correram. suaram. e de repente, não suportaram. os dedos se sentiram sufocados, sem poder esticar a pele além do limite que os sapatos impuseram. o calcanhar ficou marcado pela proximidade permanente dos sapatos. a pele encheu de bolhas que extravazavam a necessidade de se caminhar sozinho. conflito! os pés não sabiam que as vezes até mesmo os sapatos machucavam...
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o inverno traz em si a vontade de ser verão, quando a gente se esconde debaixo do cobertor em plena madrugada embrigada de lua cheia.
nem sempre o sapato caminha com o pé. faz calo e dói. estranho.
ResponderExcluirpra mim o melhor mesmo são as sandálias. elas são o meio termo. nem chinelos, nem sapatos. meus pés agradecem.
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