quarta-feira, 6 de outubro de 2010
tempo interior
fiquei um bom tempo a observando, como se a congelando através das minhas retinas eu pudesse atravessar a margem que era visível e conseguisse assim alcançar os anos atrás de Dona Beatriz. fiquei ali parada em uma tentativa de rememoração dos dias que se foram. buscava no instante exato daquilo que se constitui o agora o passado daquela pele marcada pelas rugas de uma longa história. a questão é que as coisas de ontem não podem ser recompostas, há um rio que nos refaz a todo segundo nos inventando a cada vez que os olhos beijam os cílios. mas ainda que Dona Beatriz não pudesse retornar aos velhos tempos ela se vestia de passado lembrando dos amores já findos. não há um só ser que respire que não guarde em si o outrora vivo, basta abrir espaço para as lembranças se perpetuarem para além daquilo que se foi. cada ruga que vejo nos outros traz em mim o desejo de cruzá-las, vejo em cada um de nós um emaranhado de ontens pra se contar, não há que se fazer morrer as pegadas deixadas pra trás. o melhor dos futuros pode estar na fusão dos tempos. afinal quem foi que disse que o ontem, o agora e o depois são tempos diferentes? acho mesmo que os verbos só existem entre os limites das palavras, pois tempo que é tempo transcende qualquer conjugação verbal...
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