e daí que tiramos os sapatos, e deixamos os pés comunicarem os caminhos conforme as curvas iam pedindo. tudo bem que algumas curvas traziam risco maior de abismo do que de vôo, mas apesar do risco, seguimos, e não tiramos os pés do chão. é bom caminhar assim, com os pés colados em terra firme, isso de flutuar é ilusão, e toda ilusão é distante demais da realidade. então, de tanto seguirmos, chegamos em uma casinha descascada de sol, com meninos correndo em torno dela, com o corpo cor de terra vermelha. a senhora, que na janela estava, acenou pra gente em tom de convite, e nós paramos pra regar o corpo com água bem gelada. a senhora de rugas nos olhos nos perguntou pra onde iámos, e nós, sem pensarmos muito, respondemos que, apesar de endereços, não nos era possível determinar a chegada, nem o destino, nós só queríamos caminhar.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
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