domingo, 2 de agosto de 2009
leitura do destino
deitou o corpo à alguns metros do mar. os grãos de areia desenhavam o seu formato logo abaixo da pele. ajeitou-se de lado, de modo que pudesse ver terra, água e céu. nesta posição ela enxergava quase tudo sem precisar sair do lugar. sentiu vontade de dividir aquele silêncio com alguém. as gotas do oceano chegaram até seus olhos, derramando fios de água salgada pelas maçãs do rosto. ela sorria. o sol fazia nela algo como lar. sentia-se protegida. sabia que as pessoas não poderiam ser possuídas. ela não encontraria alguém pra ser dela. teria apenas momentos de cada um. com toda a sua jovialidade conseguia prever as rugas com o dedo sem alianças. não conseguiria colocar alguém dentro de uma caixa com tampa fechada. e também não saberia viver dois dias sem destruir por completo as paredes. esse era seu destino. ser passageira de vidas inteiras. eterna, por consequência.
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