terça-feira, 21 de setembro de 2010
menino de rua
trazia nas unhas o trincar do amanhã que deixara de existir desde que ele já não esperava o dia seguinte e o ir e vir das noites parecia um eterno continuar de uma vida emoldurada. os pés estavam pretos e a pele denunciava que por baixo da sujeira havia um mundo subetendido. pra dar conta dos poucos desejos que ainda restavam os pés criaram rochas debaixo dos movimentos descalços. os cabelos nasciam por onde determinava o corpo e o cheiro acontecia pela naturalidade humana. pena que respirava. no inspirar da vida sentia fome, nem sabia de quê, mas todo dia precisava alimentar seu corpo pra dar conta de manter o coração. vestia-se de furos encontrando outros furos, emendando assim os fios rasgados pelo tempo. andava pelas ruas como quem ora vai pro quarto, ora vai pra sala. as ruas eram sua casa e a divisão das partes mais íntimas era dele. descobria mesmo em toda aquela impessoalidade um lar pra chamar de seu. era menino, conhecido por ser de rua, o pior é que rua não é de ninguém...
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eu até olho, mas não vejo nada
ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...
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mas pra isso é preciso desejar sincero e profundo, ao ponto da rua ser toda sem saída, sendo o ponto de chegada o mesmo ponto de partida. ca...
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foi injusto, apesar de bonito, você ter me deixado o seu cheiro embrulhado. quando abri o presente senti o seu perfume em torno da minha mol...
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