domingo, 19 de outubro de 2008
um certo ser desconhecido
morde, mastiga. mas não sente o gosto. engole. come disparadamente. pensa que a comida pode ocupar os espaços e por isso come até esticar a pele. é sal puro que desce rasgando a garganta. pra ele açúcar é só de vez em quando. vem depois da sobremesa que ele nem percebe o quanto é doce. ele é denso demais pra diluir qualquer coisa. então só compra congelados, pra evitar o pensamento e os novos temperos. de manhã já acorda de mau-humor, por sempre achar que o relógio desperta antes dele dormir o suficiente. tem mania de perseguição, não pode ver alguém olhando pra ele. pra fugir disso só anda com os olhos voltados para o chão, esperando brotar algo que faça valer a pena olhar pra cima. um dia ele quer ter um banco, só pra ter o prazer de ver tanto dinheiro circulando. amigos? um dia ele se perguntou se existiam mesmo e não encontrando a resposta desisitiu de saber. ele vive pra chegar em qualquer lugar, a próxima esquina serve. quando vai ao estádio de futebol ninguém aguenta ficar perto dele. ele grita demais. grita tanto que no final do jogo precisa perguntar qual foi o placar. as meias são sempre da mesma cor da camisa. detalhe que as cores das camisas são apenas três: preta, cinza e branca. ele nasceu numa época que cores eram raras e pra guardar um pouquinho de lembrança ele pinta as roupas nos mesmos tons.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
eu até olho, mas não vejo nada
ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...
-
mas pra isso é preciso desejar sincero e profundo, ao ponto da rua ser toda sem saída, sendo o ponto de chegada o mesmo ponto de partida. ca...
-
ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...
-
foi injusto, apesar de bonito, você ter me deixado o seu cheiro embrulhado. quando abri o presente senti o seu perfume em torno da minha mol...
Nenhum comentário:
Postar um comentário