segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

arrumando as malas

pousava na janela a espera do amarelo que viria depois dos dias prateados de chuva. lambia das gotas a doçura deixada pelas nuvens de algodão doce. doce mesmo eram os beijos perigosos travados debaixo da madrugada de Sabará. agora se sabia compor a história de um lugar, tinha certeza de que ruas como aquelas não eram frias se acompanhadas por mãos tão largas como a do menino. dele ela raspava da superfície os excessos que lhe bloqueavam a estadia, levava armas letais nos olhos e nas palavras, e disparava tudo o que lhe era permitido, ela iria morar lá. a princípio não era um lar assim tão confiável, tinha um vidro quebrado logo na entrada, e tudo quanto era parede trincava com a altura do desejo que o menino tinha de vibrar sua guitarra por aí. por aí parecia muitoooo longe quando não cabia a realidade que era dela. e por isso, dia sim, dia não, ela arrumava e desarrumava as malas, ia e voltava, queria e não queria, mas no fim dos cálculos a soma era sempre a mesma: ele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...