domingo, 6 de março de 2011

o bem e o mal de cada um de nós

será tudo isso maniqueísta? haverá em todas as coisas a fronteira do bem e do mal? Hobbes nos fala de um homem egoísta em sua natureza, e que por sentir-se em constante ameaça constitui a sociedade por meio de contratos que garantam a paz. por outro lado Locke fala que o estado de natureza do homem é de perfeita harmonia, porém alguns desviantes ameaçam direitos que são naturais do homem: a propriedade, a vida e a liberdade, e por isso o Estado é criado para proteger os direitos. já Rosseau afirma que o homem é bom por natureza, mas moralmente corrompido, sendo a origem disso a propriedade, o momento em que o homem toma posse de algo de forma desenfreada. e por último vem Maquiavel dizendo que o homem é dotado de traços imutáveis, e que estes são ingratos, medrosos, ambiciosos, entre outras características que só podem ser contidas a partir do uso do poder político por um príncipe com virtú e fortuna. estes são os clássicos da teoria política, e ao meu ver um não se sobrepõe ao outro, são complementares de alguma forma. porém, permanecem no campo das teorias e pouco me satisfazem nas tantas perguntas que me faço. prestes a iniciar um trabalho com egressos do sistema prisional eu venho me debruçando entre páginas que ultrapassam as grades deste sistema. tenho me questionado em demasia sobre as verdades de cada um, para além das leis racionalizadas pelo homem, falo das verdades isoladas, guardadas debaixo das retinas dos homens. crimes só são crimes porque ameaçam a vida em sociedade, colocam em risco o respirar do outro, abalam o coletivo. crimes não são crimes porque o são. há um acordo entre a sociedade, um pensamento comum que faz formalizar certos atos como infrações. é um processo racional. o homem ao violar uma norma ele viola um direito que era seu, e sendo assim, enquanto parte da sociedade deve responder pelo seu ato. esta é a parte objetiva, mais simples, talvez. a parte que não alcanço é a da verdade de cada um. fora das prisões as pessoas pensam ser boas, e imaginam que dentro de uma penitenciária exista apenas a parte ruim. separam os homens em dois lados opostos, julgam os homens em função de um crime, mas o homem não é um crime, o homem não é coisa alguma. a idéia de prender pra excluir é por demais limitada. há sim um crime que justifica a prisão a fim de fortalecer a lei, porém o encarceramento deve ser prosseguido de uma reflexão acerca das verdades de cada um. não acredito na "recuperação" visando uma padronização de pensamentos, na busca de um objetivo já estipulado, há que se perceber as motivações e trabalhar em cima delas. e o mais importante: antes do crime, porque antes da infração cometida, muitas vezes, o acusado é vítima de várias negligências por parte do Estado. mas não me prendo aqui a uma visão marxista, considero também a presença daquilo que é do homem, da natureza humana, exposta logo no início deste texto. o que me intriga em excesso é a separação do bem e do mal, como se alguém pudesse ser só bom ou ser só mal, como se em cada um de nós não coexistisse duas esferas simulneamente, como se nós que estamos em liberdade não estivéssemos vulneráveis a cometer um crime, e fossémos por isso, muito diferentes daqueles que se encontram por detrás das grades. será?

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