domingo, 8 de maio de 2011
abrindo a porteira
até pouco tempo atrás as árvores cruzavam o caminho que levava até a morada de seu Antônio, não havia estrada indicando a seta, o caminhar era guiado pelas formas da natureza, pelas curvas do rio, pelo movimentar da terra. a morada fora construída pra caber toda a infância, com espaços livres pra qualquer brincadeira. a varanda era tudo que contornava as paredes, e era portanto o mundo inteiro. naquela redondeza não havia vizinho ao lado, as prosas debaixo do entardecer eram acompanhadas de uma longa travessia até a casa de Dona Madalena. seu Antônio acordava antes do dia, vestia os pés com a botina e a cabeça com o chápeu de palha. antes de sair tomava um copo de café, que sua mulher Ângela preparara antes de fechar os olhos. trabalhava no seu pedaço de mundo, cuidava da boiada, semeava a plantação. voltava com o sol de meio-dia, e antes mesmo do ranger da porta já sentia o cheiro dos sabores diários de Dona Ângela. era uma história escrita pela enxada, pelo leite de vaca, pelas mãos gastas, pelos horários marcados pelo sol, pelo resumo de uma vida que brotava inteira da terra.
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o inverno traz em si a vontade de ser verão, quando a gente se esconde debaixo do cobertor em plena madrugada embrigada de lua cheia.
Quais das civilizações o terá acometido?
ResponderExcluirConto curtíssimo, mas, cheio de significados...Estava aqui imaginando uma família, uma pequena fazendo. ..E um mundo cujos limites paravam numa cerca..
ResponderExcluirah Keila, e que lugar desse mundo haverá resistido? queria achar um pedaço que fosse de vida pura, daquelas intocáveis, só pra saber o gosto de agir conforme a própria pele...
ResponderExcluirSuzi, e que mundo grande é este, não é mesmo? quem sabe um dia a gente não possa morar lá?