segunda-feira, 30 de julho de 2012
história inacabada
ele não gostava de estampas, vestia-se de cores inteiras que não se misturavam. ele guardava na pele quase toda a maciez possível, e de vez em sempre, deixava escorrer lágrimas por consequência do amor que não cabia dentro do peito. trazia no corpo a delizadeza do arrepio em cada toque, descobria-se a medida que se apaixonava. a primeira namorada foi também a primeira dor. ele e ela ainda eram muito jovens, e apesar do coração, pouco sabiam dos próprios poros. reprimiam os sentimentos ainda desconhecidos, e explodiam um pro outro como sinal de fidelidade. ele gostava de quartos, ela de varandas. ele tinha loucura por ela, gostava de cada pedaço que a compunha. foi por causa dessa mesma loucura que as batidas começaram a rasgar o peito, e ele adoeceu de um mal sem cura. a memória o traía a todo instante. ele querendo respirar, e ela aparecendo incansavelmente diante dos seus olhos. ele não resistia e cedia aos encantos dela, mas quando se dava conta: miragem. decidiram se separar, seguindo a receita médica. sabiam do risco das histórias inacabadas, reconheciam o perigo da sombra. e assim foi feito. hoje, após cinco anos de distância, ele e ela ainda existem. não se sabe dizer se o futuro ainda os reserva ruas comuns, mas ele e ela ainda se estranham por existirem no mesmo mundo, e ainda evitam habitarem o mesmo endereço.
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