Quem? Yasutoshi, 27 anos. De Gunma, Japão. Formado em política.
Os olhos desaparecem quando ele sorri. Lembram os desenhos que fazemos dos japoneses, com apenas um traço no lugar dos olhos. E como ele ri...
Yasutoshi foi para Moçambique em novembro de 2007 e voltou para Williamstown, nos Estados Unidos, nesse final de semana. Ele estava em Lamego, no distrito de Nhamatanda, província de Sofala. Chegou sabendo falar pouco o português, no começo se comunicava com a linguagem dos olhos, ainda que eles fossem pequenos. Nas terras africanas ele foi procurar a si mesmo, tentar se encontrar entre os conflitos humanos. Desempregado, ele se sentia limitado, porque dependia dos pais para tudo. A saudade ele não conheceu. “Meus pais sentem minha falta, mas eu não sinto falta deles. Eu me tornei forte.” Ele falava duas vezes por mês com a família, por e-mail.
Ele foi. Ele viu. “A vida é difícil na África. No Japão eu podia ter o que eu quisesse, na África é diferente: não há dinheiro, não há condições.” Em Moçambique a água é escassa. Para usá-la é preciso fervê-la e depois filtrá-la, gastando uma hora para limpar cada cinco litros de água.
Seu projeto: Farms Club. Trabalhava em fazendas plantando vegetais. Fazia a arte de fazer brotar da terra a sobrevivência humana. Três vezes por semana, durante seis horas, ele ajudava em fazendas das comunidades e nos outros dois dias ele ensinava as pessoas como fazer. Deveria ser obrigação a transmissão de todo conhecimento. Deveria ser proibido ter livros guardados na estante.
Dos próximos passos ele não sabe. Fica olhando pela janela procurando o dia de amanhã, perdido entre suas andanças. Sabe apenas que tem que procurar um trabalho, de preferência na área social. A maior mudança? Ele responde: “Ainda está presa na memória.”
terça-feira, 13 de maio de 2008
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