
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
enfermagem
- estou pensando em fazer enfermagem. quero saber mais sobre algo que eu realmente possa ajudar, sabe? sinto que sei coisas mais abstratas... quero algo mais prático!
- mas daí você vai querer abraçar o mundo demais
- sim... sempre quis. mas há problema nisso? vejo mais beleza que problemas...
- nenhum problema... mas... é que eu penso que ser enfermeira qualquer uma pode ser... e qualquer uma pode fazer isso... mas você... você tem uma coisa... que só você pode fazer, sabe... eu não sei explicar... e eu acho que só na Angola você saberá...
- mas daí você vai querer abraçar o mundo demais
- sim... sempre quis. mas há problema nisso? vejo mais beleza que problemas...
- nenhum problema... mas... é que eu penso que ser enfermeira qualquer uma pode ser... e qualquer uma pode fazer isso... mas você... você tem uma coisa... que só você pode fazer, sabe... eu não sei explicar... e eu acho que só na Angola você saberá...
domingo, 28 de setembro de 2008
parênteses
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
orgulho de você meu pai
Para o menino dar um beijo o pai precisou abaixar. Ele ajoelhou e desfez os degraus: plano. O filho, empolgado com o gol que fez com um goleiro tão maior que ele, saiu correndo e derrubou o pai na grama. Segredo: o pai deixou a bola entrar... porque sabia que isto aconteceria. O beijo atravessou o campo... feito cometa. Deliciosamente o pai abraçou o filho e rolou na terra verde. Som de sorrisos largos. Eu vi esta cena hoje no caminho de volta pra casa e senti saudades das conversas pausadas no fim da noite, das nossas festas regadas à natureza... foi assim que eu percebi que ele sempre estava na lateral do gol esperando a bola entrar. Amanhã será o nosso dia, meu pai!
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
folhas de outono

quarta-feira, 17 de setembro de 2008
só com a própria pele
Sinceramente eu não assustei quando me contaram que eles trabalhavam de sunga. Fiquei pensando... porque mesmo que a gente veste roupas? Pra fazer parte. Pra estar junto. Pra decorar. Enfeitar. Eles também fazem isso, até com certo exagero. A diferença é que eles sabem tirar os panos quando querem. Eu sei o motivo. E hoje de manhã... tinha música do outro lado da grama, entre as folhas que estão mudando de cor. Eram eles...
Huambo...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008
de volta...
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
menina de chapéu

recarregando
- será que sou muito complicada para lidar? eu preciso mesmo de mim... tem horas que tenho que parar e me recarregar
- você é tão simples que o mundo te acha complicada
- como você pode me aliviar assim numa frase?
- você é tão simples que o mundo te acha complicada
- como você pode me aliviar assim numa frase?
recesso
Preciso de quarto. Silêncio surdo e cego. Sem frestas de luz. Cortinas fechadas. Porta trancada. Telefone desligado e campainha estragada. Incomunicável. Sem letras nem papel por perto. Caneta sem tinta. Vazio pra ocupar todo o espaço da mente. Preto e branco. Escuro. Dia gelado ainda que lá fora faça sol. Eu mergulhada entre cobertores pra dificultar que eu esbarre comigo por aí. Corpo escondido. Meias, luvas e óculos pra não correr o risco de refletir em espelhos inesperados. Desligada. Desconectada. Por favor, peço que não me achem!
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
seja na Angola ou no Brasil
Ser humano: não tem raça, nacionalidade, não tem cor, nem extremidade. Ser humano é ser humano aqui ou do lado de lá. No Brasil ou na Angola. Se minhas mãos vão encostar em solo africano não quer dizer que estarei de costas para o povo brasileiro. Uma ação não elimina a outra. Este é um discurso que tenho que fazer quase todos os dias...
olhares
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
alimento pra tanta fome

domingo, 7 de setembro de 2008
telepatia
o que acontece se a gente se apaixonar antes dos beijos? antes da outra pessoa saber quem a gente é? antes dos tubos de ensaio?
...cá estou eu tentando uma conquista através de pensamentos...
...cá estou eu tentando uma conquista através de pensamentos...
sábado, 6 de setembro de 2008
memória que arde

mesma temperatura
Preste atenção menino. Estou pedindo pra você parar e me respirar. Sei que agora sou ar pesado, mas sei que você agüenta. Tenho vivido semanas em segundos, sem pausas. À minha frente vejo muitos números. Todas as noites eu chego e faço cálculos. São subtrações. De quantos passos faltam pra chegar lá. Isso explode demais dentro de mim. Ainda bem que a gente pode dormir e entrar em outro mundo que não esse nosso. Se não fosse meus sonhos debaixo dos meus olhos fechados eu não sei se suportaria sorrir. É muita energia em cada pedido meu nas ruas de Boston. Resta pouco pra mim. E eu preciso tanto de mim mesma. São tantas as pessoas a me carregarem. Eu apenas dou as mãos e sigo com elas. Ouvi estórias demais em tão poucos dias. Perguntas atrás de perguntas. Eu ali. Absorvendo tudo. Acabei me esquecendo de enxugar um pouco. Agora estou aqui implorando por um pedaço do seu abraço. Quero me perder entre os braços seus pra que a nossa temperatura possa ser a mesma. Pra assim você me doar um pouco desse seu calor...
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
sabor de um grão de feijão
Quando estamos na semana de fundraising nós temos apenas três dólares por dia pra cada um comprar comida e por isso temos que pedir doações nos restaurantes. Esta é a pior parte do dia. É quando eu me encho de certezas e pinto meu rosto com a cor negra da África. É mais difícil pedir comida do que pedir dinheiro nas ruas. Comida é uma necessidade básica do ser humano. Faz parte da sobrevivência. Hoje um homem me ofereceu uma lata de Coca-Cola. Eu disse que não precisava. Ele insistiu. Eu continuei dizendo que não havia necessidade. Por fim ele perguntou: “Você bebe Coca-Cola?”. Eu respondi com um sorriso tímido: “Bebo sim”. Então ele chegou com uma latinha de Coca e outra de suco de limão para a minha amiga. Ele molhando a minha sede assim... eu nem soube agradecer. Nestes dois últimos dias nós pedimos almoço em dois restaurantes. A comida chegou depois de muito trabalho. Que delícia. Sentir o gosto de cada grão de feijão. Tinha outro gosto aquele prato. Sabor de suor, de esperança, de Angola.
eu acreditei, mas e você?
Foi você quem molhou sentimentos sobre as minhas pétalas. Chegou falando de amor como quem fala de uma simples equação. Pensei que plantava sementes dentro de você. Eu acreditei, mas agora já não sei se você fez o mesmo.
a magali
Todo fim-de-semana ela pede uma melancia ao namorado. No guarda-roupa tem dois vestidos amarelos. Assim ela se diz ser a Magali. É muita pureza dentro dessa linda mulher.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
notas sem som
Nas ruas de Boston eu fico criando teorias sobre estas notas sem som. De um caminhão sempre saem tantos números cinco. Das pessoas mais simples é que vêm as maiores doações. Não acostumadas a terem muito estas pessoas conseguem abrir as mãos, chegando até a esvaziá-las certas vezes. Mas pra quem tem contas altas é complicado tirar um dólar. Há um apego maior ao dinheiro quando há riqueza. É tão contraditório... Porém, também é preciso deixar claro que os números não dizem tudo. Houve quem doasse algumas moedas acreditando ser ponte entre eu e Angola. Teve quem colocasse quantias maiores sem nem ouvir as minhas intenções. Estes me roubam fôlego, porque me privam do que mais busco nas doações: o brilho nos olhos. Ainda bem que tenho meu pai pra dizer: “Filha, cada um tem uma forma de olhar.”
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
áfrica nossa

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