tal era a realidade do dia 31 de janeiro que ele de fato chegou. entre o ar e a minha pele há algo impedindo a respiração. algo como saudade. o oxigênio me parece mais pesado que o meu próprio corpo. hoje não quero janelas. vou me trancar com todos os alfinetes que me fazem sangrar. por isso escrevo. pra ver se me salvo.
a nossa melhor coincidência foi a música. eu e ele quase não existíamos sem barulho. não existe muita matemática em tudo isso. há sim minha toalha molhada deixando seco o corpo dele, meu sabonete partido ao meio, o livro que ele não acabou de ler, uma oração no pescoço, as listras da blusa que ele deixou na cama. não há palavras como amanhã, depois, daqui a pouco. restaram apenas fotos e uma carta que eu beijei com cílios:
"Débora, olhar pra você e ver que você faz da sua missão algo maior que sua vida, me inspira. Eu não tenho o dom de fazer as palavras dançarem balé sobre o papel ou de fazer sua poesia parecer um beija-flor, sempre a dois metros do chão. Porém, eu quero que você esteja certa da enorme admiração que eu tenho por você. Foi, sem dúvida, uma das melhores coisas que me aconteceram na montanha. Pra mim, já é eterno. Enquanto um é todo transparência, o outro é esconderijo por essência. E nisso eles se fascinam um pelo outro: um quer descobrir o que tanto se esconde e o outro quer aprender a ser e só ser. Eu tô me passando dando um de borboleto. Eu só precisava dizer que você é alguém especial e que estará em minhas orações. Deus vai abençoar sua viagem!"
e por isso eu digo que uma coisa é certa: é injusto as pessoas terem sonhos à quimômetros de distância umas das outras.
sábado, 31 de janeiro de 2009
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