domingo, 22 de novembro de 2009

as cartas que você nunca vai ler

já houve um tempo em que eu entregava toda carta que escrevia. eu não colocava dentro dos envelopes o peso dos meus dias seguintes. hoje eu faço isso. escrevi várias páginas de mim mesma pra ele no meu caderno de cetim. começava com outros assuntos e todos os assuntos terminavam nele. e como era bom desaguar nele. em uma noite houve um encontro. e nesta noite ele olhou tanto pra dentro de mim que eu disse que estava prestes a explodir. ele pegou a minha bolsa, deu um passo pra trás e disse: deixa eu ver você explodindo. eu não soube reagir à liberdade que ele me deu e engoli a seco todos os gritos que ele pediu pra eu dar. este é um texto mais dele do que meu, porque tudo que aqui está é dele. nessas horas que eu vejo que há sempre no ser humano um instinto ao roubo. eu assumo. eu roubo dele todas as belezas e as coloco aqui nesta tela como se fossem minhas. é um alívio pensar que ele dificilmente um dia irá passear por aqui...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...