quarta-feira, 7 de julho de 2010
letras nossas
enquanto estão no ar elas abusam das asas que têm. por isso eu tento cravá-las em pedaços de papel que as amarrem de alguma forma. no ar elas parecem desaparecer com qualquer pedaço de brisa. no papel não. no papel eu posso fazer um livro inteiro só delas, emendando letras, costurando frases. acontece que letras expostas assim são perigosas. elas se tornam exatas demais, cabendo até em um dicionário. e apesar de toda esta matemática cada um vai se apropriando das palavras como bem entende e aí fico eu presa na tentativa de dizer algo que nem mesmo as palavras podem traduzir. não há nada que eu possa controlar, não há nada que seja tão meu que não seja seu ao mesmo tempo. seria muita pretensão dizer que as palavras que deixo nesta tela são minhas. eu que vivo a roubar das flores a poesia desabrochando, eu que vivo a pegar pra mim o sorriso bonito do sol dando bom dia nas manhãs que me acordam, sou eu mais uma vez que escrevo aqui só porque ele me olha daquele jeito com olhos que são só dele... não há um autor, há apenas quem descreve os tantos autores de mim mesma.
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