sexta-feira, 14 de outubro de 2011

medida exata

as esquinas dos seus olhos são tão afiadas que trincam imediatamente o meu suposto chão, deixa-me vulnerável o seu olhar fixo funcionando como arma feita pra matar, desvio-me deste desconforto, crio obstáculos que impeçam o encontro das minhas retinas nas suas ruas, mas você me percebe, me pega pelos braços tal qual corpo-objeto que não mais controla suas reações, descontrolo-me, obedeço inteiramente aos meus instintos, rasgo os pedaços de pano que separam nossas peles, atravesso meus planos, e me reconstruo aliviada, agora confortável por caber exatamente nos contornos seus, mais confortável ainda por me descobrir tal qual costura medida milimetricamente para outrem: você.

3 comentários:

  1. que as medidas não se esgarcem jamais!

    :)

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  2. Tem esquinas que gritam o nosso nome; ruas-sem-saída que nos acolhem. E você estava lá, sem eu perceber que na imensidão da cidade, inevitável era o encontro.

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  3. Juliana, e se porventura ocorrerem medidas desfeitas, que a gente possa sempre costurar novas possibilidades...

    e Guilherme, os encontros são marcados pela pele, temperatura, olhos, os encontros são setas que apontamos em alguma direção, eles têm por debaixo dos poros o desejo latente de atravessar a ponte...

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eu até olho, mas não vejo nada

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