quinta-feira, 20 de novembro de 2008

pétalas amarelas

Se Maria correr demais correrá o risco de nunca ser alcançada. Já posso ver os pés atropelando o corpo com essa mania dela se deixar consumir pela curiosidade sem destino. Ela é cheia de porquês. Parece menina pequena que consegue enxergar tudo como se fosse a primeira vez. Dúvidas não a deixam em paz. Atormentam 24 horas por dia, 365 dias por ano. Ela não aprendeu a lidar com números então tem muita dificuldade em ser exata. A partir de pétalas amarelas jogadas ao chão do passeio ela inventa os mais diversos jardins. Fica encantada quando percebe que uma única pétala mudou de cor. Ou seja, vive a se encantar por aí... Outro dia ela foi tomar café-da-manhã na lanchonete. Estava no caixa quando entrou um senhor. Já com seus 60 e tantos anos a porta ficou pesada pra ele abrir. Ele começou a empurrar o vidro com todo o corpo e a porta começou a se mover. Maria não agüentou e correu pra ajudá-lo. Abriu a porta e deixou o senhor passar. Ele não agradeceu e fez cara de homem forte. Provavelmente sentiu-se inconfortável com a situação... lembrando de quando ele carregava até uma geladeira sozinho. Na velhice retoma-se a infância com mais maturidade e cabelos brancos. É uma volta longa que se dá e deve ser muito difícil aceitar o cansaço do corpo e da mente. Pra Maria isso tudo é muita beleza acumulada. Ela só sabe se lambuzar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...