e de todas as casas qual seria a dela? acho que casa era uma forma de segurança, de ter para onde ir. mas nenhuma casa poderia contê-la. ela morava em todo lugar que pisava. morar não era um estado de permanência das coisas. aonde ela ia levava também ela mesma. destaco isso porque vejo muita gente que vai, mas se esquece no lugar de onde saiu. ela não. levava-se por inteiro, até num toque de mãos ela estava compeltamente presente. por isso não achava ser dela qualquer coisa que ela pudesse tocar, tudo movia, até as coisas mais duras. Beatriz era o nome dela, ainda é. Bia era a doçura contida no nome. ela não queria comprar paredes que a fizessem voltar sempre pra lá. não tinha vontade de ter endereço. pensava que as ruas e avenidas eram lugares pra se viver. eram nesses espaços que não eram de ninguém que ela queria decorar com flores de jasmim o seu sono. gostava dos móveis de grama, com luzes vindas do céu e vento de todos os cantos. na verdade ela tinha sim um endereço. era ela mesma. ela sempre voltava pra dentro de si, era lá que ela realmente morava.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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