quinta-feira, 4 de março de 2010

olhos que olham

dia após dia ela envelhecia. sentia que o sol se transformava em lua quando se olhava no espelho. já não se reconhecia em algumas fotos e os olhos entregavam tudo. é nos olhos que fica a maior marca. era com os olhos que ela ria e chorava. os olhos eram feitos palavras ditas pela pele. dentro dos olhos dela podia-se enxergar vários instantes. dali refeltiam-se várias faces de uma mesma vida. e sabendo disso ela não media os gritos.

olhava fixadamente para ele, escandalizando as letras que seus olhares traduziam. percebendo as declarações ao pé das retinas ele desviava o olhar, respirando um pouco a cada falta de direção. é que ela tinha um foco sem curvas. ela quando olhava parecia que entrava no outro colocando os dedos lá dentro e causando reações adversas. ela era um tanto quanto intrusa. mexia até onde não era chamada. ela gostava era disso, de causar explosões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...