quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

cega por enxergar demais

e ela mesma o que seria? existiria algo que ela fosse tal qual pedra? ela que tinha forma de gente não poderia sobreviver entre as aspas. vivia e apagava. como se carregasse nos pés pedaços de borracha e nos olhos lápis afiados. escrevia o amanhã a partir das retinas. olhava e depois vivia. primeiro chegavam os olhos, intrusos, pertubadores, e em seguida o corpo, inocente, manipulado. ela enxergava tanto que lhe fora receitado usar óculos que ofuscassem a sua visão. diziam por aí que não era preciso ver tantos detalhes, que ela ia fundo demais. sendo ela parte deste todo decidiu experimentar as tais lentes. em pouco tempo percebeu-se cega. não enxergava os outros e de frente para o espelho nada via refletido... ela já não era... se é que um dia fora...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

eu até olho, mas não vejo nada

 ao olhar pra você, ainda que pondo meus olhos fixos em você, invariavelmente te perco. poderia supor que isso que evapora quando te olho é ...