quarta-feira, 10 de novembro de 2010

livro humano

fez com aquele menino como fazia com os livros, o colocou no colo e começou a ler cada página. leu os fios de cabelo embolados com a confusão dos ventos, leu a mochila cor-de-rosa desgastada pelo conteúdo diário, leu a calça larga deixando o corpo se movimentar sem mostrar seus contornos, leu cada letra que se imprimia nas suas retinas. perguntava dos dias que ela não vira, e com os olhos dele construía a vida de ontem a partir de hoje. dava pra ir além, as frases ficavam soltas vagando pelo ar, e ela capturava o enredo atravessando o som, e parando lá nos olhos do menino, que contavam bem mais histórias que as palavras. passou tardes inteiras lendo o tom que a pele coloria a cada interpretar de um ângulo, ele se alterava sempre, e por isso as vezes ela precisava começar a leitura outra vez. e aí ele se apresentava em uma nova versão, com outra capa, e outras pontuações. dizia ele que cada história tinha o seu ponto final, mas se enganava, e não era raro ele terminar um enredo antes mesmo do último parágrafo.

4 comentários:

  1. q saudade andava de ler vc... aqui me sinto em casa, me sinto bem.
    bjaoo minha linda

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  2. Thi, se você some a nossa casa fica meio que sem cor, sem exagero, mas com poesia, se é que me entende.

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  3. se isso for para outro.. final de ano triste o meu

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  4. é preciso então que você se aproxime mais dos olhos meus... porque assim, como você faz, transforma tudo em miragem dos dias que vem por aí...

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70 anos e sonhando...

 sonhos, os seus, não envelhecem. não porque sejam eternos - mas porque são renováveis, e mudam de cor.  sonhando desde sempre, você não foi...