quarta-feira, 10 de novembro de 2010
melhor que filme só a realidade
sentou-se ali mesmo, naquele pedaço de chão molhado, bem no meio do mundo, até mesmo porque o centro das coisas depende de como se enxerga. sentou-se ali e começou a olhar em volta, um ir e vir de muita gente, muito estranha por sinal, estranha a ela que não conhecia ninguém, a não ser as histórias contadas por um certo alguém. este alguém morava dentro dela, e suas paredes, suas cores, seus tons, eram meros artifícios que ele usava para se pintar num papel. sentada ali ela percebia que os passos, o intervalo entre os passos, não eram iguais, cada um transmitia ao corpo a urgência dos movimentos. dali ela também notava que os passos traziam pés, e cada pé trazia uma realidade, por vezes de trincar a pele, outras vezes de guardar a maciez em veludos de sapato, e bem a sua frente caminhava um par de sandálias bem abertas com pés dançantes dentro delas. sentada ali ela conseguia ver muitas histórias, era feito filme passando na tela de cinema, só que melhor que isso, era ao vivo, a cores, a olho nu.
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