domingo, 17 de abril de 2011

casaco de verão

quanto mais a madrugada acontecia maior era o frio que entrava pela janela do quarto dele. e mesmo que o vento que vinha me buscar fosse gelado eu quis deixar a minha pele exposta. ele pensou que pele era uma coisa só e no meio da noite cobriu meus braços com seu casaco de calor em tempos assim. eu tenho aceitado essas pequenas doses de amor contidas em gestos miúdos. foi então que o frio que antes era imagem passou a ser realidade nos meus poros. encolhi-me inteira dentro do casaco, até caber por completo em sua temperatura. fiz-me um pouco de verão, e quando fui despedir quis levar esse pedaço de sol comigo. chegando na minha fatia de mundo o dia amanhecia amarelo, mas eu continuei insistindo no frio que fazia debaixo do casaco. antes de dormir um presente, descobri o cheiro dele espalhado pela roupa. fechei os olhos e perfumei então os sonhos do nosso amanhã.

5 comentários:

  1. como é bom guardar pedaços do outro em nossa pele...



    =)

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  2. Lindos e desabridos poemas ...
    Não passam, sem deixar em quem lê.
    Uma gota de melancolia nostálgica.

    Li, desde o "boa noite, meu bem" ... O demais não sei, acho que hoje não me atrevo ler.

    Beijo no coração.

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  3. Fernand`s, nossa pele guarda tantas outras afinal...

    C. é um casaso pra cobrir qualquer história, um casaco que de tão grande cabe todo o sentimento do mundo.

    Ediney, a pele é o maior verão que se pode encontrar.

    Long Haired Laidy, de pequenas em pequenas porções de ilusões há que se encontrar qualquer cantinho de realidade...

    Blakshorshed, suas palavras também não passam despercebidas, acabam atravessando mundos e chegando cá dentro de mim.

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70 anos e sonhando...

 sonhos, os seus, não envelhecem. não porque sejam eternos - mas porque são renováveis, e mudam de cor.  sonhando desde sempre, você não foi...