Pra começar, aqui as casas não têm muros. É proibido fechar o carro. Não há alarmes. Melhor seria jogar as chaves fora. Nos quartos apenas um retângulo de madeira nos separa. Mas é tão fácil juntar… nas noites de estrelas e planetas. E ali onde ninguém nos vê me vejo fazendo as mesmas coisas que faço do outro lado.
Longe de casa, sem ninguém que me conheça, que me descreva… eu poderia ser personagem de mim mesma. Aqui se faz várias estréias. Não temos pai nem mãe. Somente várias pessoas sem referência. São elas aqui, nuas de todo o passado.
Resta a dúvida se somos simplesmente o agora… ou se nos fazemos da soma das nossas éstorias. Sera que eu poderia me desvincular dos meus amores e laços com nós? Cada segundo me parece um novo parto. Acho que nos multiplicamos sempre, pois nos dividirmos seria como manter falsas grades. Talvez sejamos o instante e todas as nossas reações. Acho que temos medo de ser. De recriarmos o nosso ser. A gente tem mania de carregar nossas pegadas, ainda que elas já tenham sido deixadas no chão. Somos retrovisores do futuro.
Mas eu sei… que não quero apenas estar, eu quero ser! E ser tudo aquilo que eu desejar ser.
sábado, 14 de junho de 2008
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